Magistrados participam de Curso de Segurança na Enfam – juiz cearense César Morel repassará experiência para seus colegas
Os magistrados que estão participando do I Curso de Segurança e Proteção de Autoridades Judiciais, realizado pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam) em parceria com o Exército Brasileiro, tiveram aulas práticas de direção defensiva e evasiva no Kartódromo Ayrton Senna, localizado no Guará, região administrativa do Distrito Federal (DF).
A direção defensiva orienta o motorista a se preocupar com a sua pilotagem e com a dos outros, prevendo o que pode acontecer e como agir em situações de risco. Já na direção evasiva, os juízes e desembargadores aprenderam técnicas como, manobras rápidas para sair de ambientes de confinamento, dentre outras. Segundo a juíza Renata Macor, da 2ª Vara de Família de Araguaína (TO), “É Uma descarga de adrenalina forte, mas valeu a pena. A gente se preocupa porque não tem intimidade com as manobras e com os colegas que estão no carro também, mas é uma experiência única, muito valorosa”, destaca a juíza.
Outro aluno é o juiz do Espírito Santo (ES), Carlos Eduardo Lemos, que participou de uma missão especial de combate a organizações criminosas do Estado, ligadas a grupos de extermínio. Na ocasião, o juiz perdeu o colega, que também participava da missão, o juiz Alexandre Martins de Castro Filho, assassinado pelos criminosos aos 32 anos. Como Carlos Eduardo também seria alvo, teve que passar a viver sob proteção. Há 13 anos, ele e sua família são escoltados em todas as suas atividades. “São muitas limitações. A vida tem que ser totalmente programada e perdemos nossa intimidade”, comenta o magistrado.
Casos como o do juiz Carlos Eduardo Lemos, que está na carreira há 19 anos e atua na área criminal, reafirmam a necessidade de treinamentos para garantir a segurança e a proteção das autoridades judiciais: “Segurança não é luxo. É uma obrigação do Estado para que a gente possa exercer nossa função de forma austera e independente. Ninguém quer ser herói. A gente faz o que tem que se fazer. O comprometimento com a função está acima de qualquer coisa. A gente entra sabendo de alguns riscos, que devem ser minimamente reduzidos pelo Estado. Por isso, realizar esse treinamento é uma iniciativa louvável”, ressalta.
O juiz César Morel Alcântara, do Ceará (CE), atuou na área criminal, em casos de assalto a bancos e de tráfico de drogas e também já sofreu ameaças. Durante meses, policiais militares moraram na residência do juiz. “A experiência mostra que devemos estar preparados não para ‘se’ isso acontecer, mas para ‘quando’ isso acontecer, porque, infelizmente, a gente sabe que não são raras as oportunidades que sofremos agressões”, alerta. Por isso, o juiz César vê como uma missão levar a experiência adquirida aos colegas do Estado para que também possam participar do curso de segurança para autoridades.
Segundo o capitão do Exército do Batalhão de Polícia do Exército de Brasília, Rafael Schvengber, que coordenou as aulas práticas de direção, o resultado foi alcançado, mas é preciso dar continuidade. “A mentalidade de segurança precisa ser motivada na vida dos magistrados, precisa fazer parte da sua rotina de vida. Afinal, a imagem do magistrado representa a presença do Estado proporcionando justiça para o cidadão”, concluiu o capitão.
Desde o último dia 26 de maio, trinta e um juízes estão participando do Curso de Segurança e Proteção para Autoridades Judiciais, que é inédito no âmbito do judiciário. O módulo foi preparado pelo Exército especialmente para a Enfam. A ideia é agregar cada vez mais conteúdo para as próximas edições do curso que será reproduzido em outros estados. Na sexta-feira (30/05) será o encerramento no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília.
Fonte: site Enfam