Esmec inicia nova etapa do curso Formação de Formadores

Esmec inicia nova etapa do curso Formação de Formadores

Foram iniciadas hoje (29/04), na Escola Superior da Magistratura do Ceará (Esmec), as aulas do curso Formação de Formadores (Fofo). A capacitação está credenciada junto à Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), tem carga horária de 40 horas-aula e será realizada nos dias 29 e 30 de abril e 1° e 2 de julho, de 8h às 18h.

O objetivo é preparar os 52 participantes (33 juízes, 10 professores externos da Esmec e 9 servidores da Justiça Estadual) para desenvolverem competências relativas ao exercício da docência do ensino no contexto da magistratura, utilizando uma abordagem pedagógica baseada em metodologias ativas.

O curso de Formação da Esmec/Enfam é dividido em três módulos. Os participantes dessa segunda fase complementarão a capacitação em outubro deste ano, data prevista para a realização da última etapa.

Ministra o curso a professora Liliane Campos Machado, pedagoga com pós-doutorado em Educação pela Universidade de Brasília (UnB), presidente da Rede Interregional sobre Docência na Educação Superior (Rides) e diretora da Faculdade de Educação da UnB. Rosângela Evangelista, coordenadora de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados e Servidores da Esmec, atua como co-docente.

Para a juíza Valeska Alves Rolim, titular da 10º Vara de Família de Fortaleza, a Esmec está de parabéns por investir na formação de magistrados que já são professores da Instituição. “É uma Escola presente, que nos prepara para a atividade judicante… Para mim, é uma honra participar [deste curso] por que nos forma e, vou mais além, nos reforma, uma vez que realmente melhora nossa capacidade de aprendizado e de repassar nossos conhecimentos para terceiros”, afirma.

A professora Alessandra Mizuta, advogada do Rio Grande do Sul, também aluna do Fofo, considera o curso de fundamental importância, “primeiro porque a didática que ele aplica é muito rica, e segundo porque cursos que trabalham essa abordagem metodológica existem de forma abundante, porém com esse método que a Enfam está propondo – e a Esmec aplicando –  confesso que, até então, eu não tive nenhum contato. Está sendo bastante enriquecedor”.

MAGISTRATURA E MAGISTÉRIO

A professora Liliane Machado fala, na entrevista abaixo, sobre a busca de aperfeiçoamento pedagógico por parte de magistrados que atuam na docência e como eles estão aplicando as metodologias de ensino da Enfam em sala de aula.

Como anda a formação docente dos magistrados brasileiros?

Nas atuações que fazemos junta à Escola Nacional e nas escolas estaduais, a gente percebe um interesse e uma participação muito significativa dos juízes nos processos de formação. Costumo dizer que vem para os cursos de formação aqueles que de fato têm interesse, por já serem formadores. Então, para nós [da Enfam] é um espaço tranquilo, prazeroso, significativo de trabalhar, por que são pessoas que se oferecem para isso [fazer o curso]. A gente consegue mapear que todas as escolas estaduais e nacionais da magistratura têm trabalhado na perspectiva da formação do formador, e isso e muito bom porque, há uma ou duas décadas, não tinha essa evidencia e tampouco esse número de formadores e de cursos de formação que temos hoje.

Qual a importância das metodologias ativas no contexto da magistratura?

Num primeiro momento, trabalhar com metodologia ativa é um processo de convencimento. Ainda existe muita incredulidade, acredita-se que é uma brincadeira, que às vezes vai ser laissez faire, até que você consegue mostrar que essa prática foi feita pra trabalhar com adulto, que essa metodologia garante o protagonismo do sujeito à informação, que é uma aprendizagem significativa. No final do processo, temos tido resultados muitos valorosos e conseguido convencer os magistrados e servidores das escolas o quão é importante trabalhar com metodologias ativas, embora no início tenhamos essa descrença posta. Ainda encontramos muitos magistrados e servidores, que já são professores há muitos anos, trabalhando com uma perspectiva muito tradicional de educação. Então, temos que romper com esses paradigmas.

E os magistrados estão aplicando de fato a metodologia da Enfam?

Acredito que sim. A gente tem grupos de WhatsApp, encontros presenciais com magistrados que passaram pela formação, e temos muito feedback. Eles dizem que colocaram em prática, que valeu a pena, que foi muito bom, tá dando resultado, etc. E o mais interessante é que, quando gente volta pra fazer a formação junto a pessoas que ajudamos a formar [no curso de formação inicial de magistrados], eles já estão usando com propriedades as metodologias ativas. Hoje a gente tem trabalhado essa metodologia inclusive no espaço da educação a distância.