Crise política continua sendo tema de discussões no segundo dia do Encontro
Nesta sexta-feira (26/05), no auditório da Esmec, mais quatro palestras estão sendo ministradas no II Encontro de Direito Eleitoral e Ciência Política. Tendo como tema “Cinco lições sobre eleições: comportamento eleitoral e partidário dos agentes candidatos”, a palestra do sociólogo Valmir Lopes de Lima, professor de Ciência Política da Universidade Federal do Ceará e Doutor em Sociologia (UFC), na manhã de hoje, foi marcada por questionamentos sobre o momento turbulento por que passa a Presidência da República.
Segundo Valmir, passamos pela maior crise político-institucional do período republicano. “O que mais se aproxima do momento em que estamos vivendo é a crise provocada pela abdicação de Dom Pedro”, comparou.
Segundo ele, “essa instabilidade política começou com os movimentos de rua de 2013, agravando-se no governo de Dilma, que entrou em colapso. Algo parecido com o que está acontecendo com o atual governo”. Para o palestrante, a saída de Dilma deveu-se a “uma ação de agentes de controle interno do Estado” que, juntamente com os meios de comunicação de massa (“que, devido à fraqueza de nosso sistema partidário, agem como partidos políticos”), conseguiram um significativo apoio da sociedade.
No meio disso tudo, entra a Operação Lava jato. “Ela desestabilizou o sistema político tradicional de uma forma nunca vista. Contribuiu para a queda do governo petista e agora, com Temer, temos novamente o aparecimento de ‘forças modernizantes’ fora do sistema político.”
Para Valmir, o governo Temer está insustentável, mas a saída não é a eleição direta. “Os que a defendem nesse momento querem só eleição para Presidente, não querem uma eleição geral, que iria modificar o parlamento. E elegendo apenas um novo presidente, com o mesmo Congresso que aí está, quem garante que teremos governabilidade assegurada para o próximo mandato presidencial?”, questionou, dizendo-se profundamente pessimista com o futuro político do País.
Outro problema que ele vê é a possibilidade do surgimento do não-político. De alguém que possa chegar à chefia da Nação negando a política. “Isso é grave, mas tudo parece indicar a eleição de um candidato com esse perfil.”
O sociólogo lamentou o desprestígio atual dos políticos. “Nunca a classe política esteve tão em crise. Como a sociedade pode viver com o colapso de suas lideranças políticas tradicionais? Como sairemos desse impasse?”, indagou. Ele criticou também o presidencialismo – “Um sistema perverso, uma miséria institucional criada pelos Estados Unidos, que gera muita complicação em quase todos os países que o adotam”.
Ainda pela manhã, foi realizada a palestra “Abuso de poder e questões atinentes ao registro de candidatura”, ministrada por Walber de Moura Agra, Procurador do Estado de Pernambuco. Na parte da tarde, serão discutidos os seguintes temas: “Oferta e demanda por financiamento nas eleições brasileiras: a manutenção do quadro em 2016”, a cargo do professor Bruno Pinheiro Wanderley Reis (Doutor em Ciência Política pela IUPERJ); e “Proibição de propaganda eleitoral e limites de gasto com campanha. Valeu a pena?”, com a advogada Maria Cláudia Bucchianeri Pinheiro (Mestra em Direito e Estado pela USP).