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TRT tenta acordo em reunião

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13.07.2009 Cidade Pág.: 08
Quietude e silêncio: lojistas do Centro optaram pela não abertura do comércio nos domingos (Foto: Tuno Vieira)
Enquanto isso, lojas de shopping continuam abrindo aos domingos. No Centro, ontem, não houve movimento
A indefinição sobre o funcionamento do comércio de Fortaleza aos domingos pode acabar hoje. O presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (TRT7), desembargador José Antônio Parente da Silva, convocou representantes do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas) e do Sindicato dos Empregados no Comércio de Fortaleza e Região Metropolitana (SEC), além de Jereissati Centros Comerciais (Iguatemi) e North Shopping, para uma reunião, às 10h, na Sala de Dissídios do TRT7, com objetivo de chegar a um acordo entre as partes.
O desembargador suspendeu a liminar deferida na última sexta-feira pelo juiz Judicael Sudário de Pinho, titular da 1ª Vara do Trabalho de Fortaleza, que havia determinado a não abertura das lojas ontem. ?No sábado, a empresa Jereissati Centros Comerciais entrou com recurso contra a liminar. Diante do impasse, resolvi, no mesmo dia, suspender a liminar e chamar os envolvidos para uma reunião. O que queremos não é impedir que o comércio funcione, nossa intenção é fazer valer a lei municipal (nº 9.452/2009), e conseguir um acordo ou convenção coletiva entre os lojistas e os comerciários?, explicou Parente.
Segundo ele, o processo que tramita na Justiça estadual (onde vigora liminar impedindo a Prefeitura de Fortaleza de notificar os estabelecimentos que abrem aos domingos) tem ótica voltada para a inconstitucionalidade . ?A legislação foi sancionada e está sub judice, suspensa por medida liminar, ou seja, ainda não foi julgada. Enquanto isso não se define, vamos tentar, sob uma perspectiva trabalhista, promover um entendimento entre as partes?.
Movimentação normal
Enquanto não há definição na Justiça do Trabalho nem na Justiça comum, as lojas de shopping continuam abrindo aos domingos. Ontem, milhares de pessoas circulavam e faziam compras no North Shopping e no Iguatemi. Uma funcionária de loja de confecção, que não quis se identificar, disse que ainda tem esperança de que haja um acordo sobre a questão. ?É bem dividido. Tem vendedor que prefere trabalhar no domingo e ganhar as horas extras e a comissão. Já eu prefiro ficar em casa, pois só no domingo teria a oportunidade de passar o dia todo com meu marido e meus filhos, pois com folga na segunda eu fico só em casa. Acontece que, do jeito que está, com a gente trabalhando domingo sem ganhar nada extra é a pior opção. Esse acordo tem que ser feito?.
Não é difícil perceber que para os comerciantes de shopping as seis horas em que as lojas estão abertas (14h30 às 20h30) são vantajosas. ?Num domingo a movimentação de clientes é bem maior. As vendas ficam até 30% maiores, comparadas a uma segunda, terça ou quarta-feira. Como é um dia de boas vendas, os lojistas têm condições de pagar o extra?, comentou a vendedora.
Para a funcionária pública Carolina Sampaio, o domingo é um dos melhores dias para fazer compras. ?É um programa em família. A gente traz as crianças para passear e ainda compra uma coisa ou outra que está precisando. Entendo que, pra quem está trabalhando, é ruim. Acredito que se houvesse uma compensação financeira esse impasse já haveria acabado. Numa negociação assim, cada parte tem que ceder um pouco?, argumenta.
MESMO COM LIMINAR SUSPENSA
Lojas do Centro estavam fechadas ontem
Com a suspensão da liminar do Tribunal Regional do Trabalho, os proprietários de lojas de Fortaleza estavam liberados para abrir seus estabelecimentos no domingo, mas o que se viu ontem pela manhã no Centro da cidade, onde se concentra a maior fatia do comércio varejista e atacadista da Capital cearense, foi quietude e silêncio. Quase 100% das lojas não abriram as portas.
A exceção ficou por conta de uma loja de confecções localizada na Praça do Ferreira. Mesmo assim, a movimentação de clientes no estabelecimento foi mínima. Por outro lado, sequer camelôs estavam em quantidade pelo Centro ontem. Quem pensou em aproveitar o dia de folga para compras na área deu viagem perdida. Mas, foram poucos os que tiveram a idéia, pois as principais ruas comerciais estavam quase vazias.
Sem a movimentação de clientes, o domingo de lojas fechadas no Centro serviu para que alguns donos de lojas realizassem pequenos reparos na parte frontal dos estabelecimentos, como pintura e limpeza de marquises, em que pese a chuva fina que caiu durante parte da manhã.
Por outro lado, com a ausência das pessoas, que nos outros dias da semana disputam o pouco espaço deixado pelos camelôs nas calçadas, os taxistas faziam rodas de bate-papo para passar o tempo, sem perder a esperança de que aparecesse algum cliente para uma corrida. ?Hoje está tudo parado. A gente quase não pega passageiro?, reclamavam.
Guto Castro Neto e Fernando Brito Repórteres