Orgulho, identificação e pertencimento
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- 07-11-2024
Breno Marcondes
Quantas vezes na vida você teve a oportunidade de recomeçar? Sarah Lopes e Sebastian Pinheiro ressignificaram a trajetória pois, através da campanha “Meu Nome, Minha História”, tiveram a oportunidade de retificar o nome e renascer diante da sociedade. A ação é promovida pelo Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), por meio do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) de Fortaleza, em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), através da Faculdade de Direito, e segue até esta sexta-feira (08/11).
Aos 22 anos, a estudante Sarah Lopes soube da campanha por uma amiga e recebeu todo o apoio dos pais e da namorada para fazer a mudança nessa quarta-feira (06/11). “Estava esperando esse momento já faz um tempo, mas não esperava que ia ser tão cedo, pensei que ia demorar um pouco mais para chegar esse dia, mas esse dia chegou. O apoio foi o que eu mais precisava, não imaginava que ia ter um apoio tão gigante dos meus pais e da minha própria namorada. É muito gratificante pra mim”, conta emocionada.
O pai da Sarah, Marlindo Lopes, ressaltou a importância de os familiares prestarem esse apoio emocional e afetuoso porque acredita que nos apaixonamos por pessoas, pelo que elas são e sentem. “Nesse momento, a falta de apoio pode comprometer muito esse ser que está passando por uma transição difícil, isso pode desencadear uma crise de saúde mental. Então, o que eu peço aos pais é que apoiem os filhos, procure uma ajuda psicológica para que ela se sinta segura do que vai fazer e, a partir daí, o pai e a mãe tem que apoiar”.
O sentimento de orgulho e pertencimento também é notável no olhar do Sebastian Pinheiro, que reconhece o valor da retificação para validar sua história. “Eu tô muito feliz que consegui avançar esse passo, isso é algo muito importante para todas as pessoas da comunidade trans. Tô orgulhoso desse processo, a gente tá em andamento, mas espero que outras pessoas também tenham essa oportunidade”.
A alteração de nome e gênero em registros civis para pessoas trans é mais que uma formalização, é valorizar a existência e despertar o reconhecimento de si. De acordo com a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Apern/Brasil), de 2019 para 2022, dobrou o número de pessoas trans que realizaram a retificação. E o TJCE, por meio da campanha “Meu Nome, Minha História” estende esse apoio à comunidade trans residente em Fortaleza.
“Em três dias, a campanha registrou um número expressivo de atendimentos, superando as expectativas iniciais, com mais 70 vidas tocadas pelo projeto, demonstrando a importância do serviço público que está sendo prestado. Não é apenas alteração documental que se promove, mas sim um exercício efetivo de cidadania e promoção da dignidade”, salientou a coordenadora do Cejusc Fortaleza, juíza Ana Carolina Montenegro Cavalcanti.
COMO PARTICIPAR
O atendimento da campanha “Meu Nome, Minha História” é gratuito e segue até esta sexta-feira, dia 8 de novembro, das 8h às 17h, na Faculdade de Direito da UFC, no Centro. Basta apresentar comprovante de endereço e documentos como certidão de nascimento e, quando aplicável, certidão de casamento, RG, Identificação Civil Nacional (ICN), passaporte, CPF, título de eleitor e carteira de identidade social.
A iniciativa conta com o apoio da Corregedoria-Geral de Justiça do Ceará, da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado do Ceará (Arpen-CE), da Receita Federal, do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) e de várias organizações sociais, como Mães da Resistência Ceará e União Nacional LGBT no Ceará (UnaLGBT), que, junto aos demais parceiros, reforçam o direito à identidade civil com um olhar humanizado.
Veja mais informações sobre a campanha “Meu Nome, Minha História” no Portal do TJCE.
SERVIÇO
Campanha “Meu Nome, Minha História”
Data: Até esta sexta-feira, dia 08 de novembro
Horário: 8h às 17h
Local: Faculdade de Direito da UFC – Rua Meton de Alencar, s/n, bairro Centro.
Formulário de pré-inscrição: ACESSE AQUI