As diversas fases da maternidade e suas transformações
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- 14-05-2024
Na terceira matéria da série “Muitos jeitos de ser mãe”, produzida pela Assessoria de Comunicação do TJCE, servidoras do Judiciário contam experiências de maternidade na juventude e na maturidade e falam sobre os desafios e alegrias de educar filhos de diferentes idades
Para algumas mães, a maternidade é resultado de muito planejamento e a chegada do bebê acontece depois de várias tentativas; outras são surpreendidas por uma gravidez inesperada e o desejo de ser mãe aflora durante a gestação; e há ainda aquelas que se transformaram em mães poderosas com o passar do tempo desse maternar.
Em todos os casos, a maternidade é sempre uma jornada de transformação, que acompanha os diferentes momentos na vida da mãe e se modifica a cada etapa de desenvolvimento da criança. Mudanças na dinâmica familiar, que ocorrem, por exemplo, com a chegada de novos filhos, trazem novos desafios e engrandecem o exercício dessa missão repleta de amor e dedicação.
Renata Araújo Rufino, de 42 anos, além de técnica judiciária da Vara Única de Santana do Acaraú, servidora efetiva há mais de 19 anos do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), exerce o cargo de professora. Ela também tem cinco filhos: João Gabriel, de 17 anos; Pedro Guilherme, de 14 anos; Luiz Gutierry, de 11 anos; Edvandro Filho, de oito anos; e José Romeu, de dois anos.
“Aos 25 anos me tornei mãe e, desde esse dia, nunca mais soube o que é ter medo. Tenho experimentado sensações intensas, que me mostraram como é possível multiplicar o amor. Meu marido Edvandro, pai dos meninos, é meu braço forte, meu apoio, meu companheiro. Ele me auxilia nas tarefas diárias. Aqui em casa, fazemos como nos tempos de minha avó: os mais velhos ajudam com os mais novos nos cuidados diários e nas tarefas de casa, e os mais novos se espelham nos mais velhos, nas atitudes e nas escolhas feitas”, revela Renata.
A servidora ainda explica que, com exceção do caçula, cada um colabora como pode, e de acordo com a faixa etária, nos afazeres de casa. Assim, ainda aprendem sobre responsabilidade. “Sem dúvida, o mais curioso em ser mãe de cinco filhos em idades diferentes é conseguir lidar com personalidades únicas e necessidades tão distintas. Cada um com suas preferências, opiniões, desejos, sonhos. Há o mais estressado, o mais meigo, o mais curioso, o mais engraçado, o mais cativante… Tão diferentes e tão complementares uns aos outros”, se declara a mãezona.
Admiração e orgulho mútuos definem a relação entre a servidora Maria Eliane Torre de Sousa, oficiala de Justiça da Comarca de Coreaú há quase 30 anos, e sua filha Francisca Letícia Torre Trajano Alves, que em janeiro de 2024 assumiu como técnica judiciária na Comarca de Uruburetama. “Temos uma parceria tão forte que muitas vezes eu não sei se sou a mãe ou a filha. Sempre fomos muito próximas e o fato de eu e o pai dela sermos servidores do TJCE fez com que ela se espelhasse em nós”, explica Eliane.
São bem conhecidos os desafios para quem deseja ingressar no serviço público, desde a dificuldade em organizar uma rotina de estudos para se preparar para um concurso. Foi a partir da própria experiência e após adquirir mais maturidade que Eliane soube como oferecer o suporte necessário para a filha. “É difícil se preparar. Sempre orientei que ela estudasse, ainda que não houvesse concurso previsto, principalmente disciplinas que fossem comuns a vários concursos. Fiz questão de lembrá-la também que é possível estudar e se divertir ao mesmo tempo, contanto que tenha foco e disciplina”, relembra.
Para Eliane, a sensação é de dever cumprido ao constatar que fez “um bom trabalho” na formação de sua cria. O incentivo, a compreensão e as ajudas recíprocas tecem a rede de apoio que une essa dupla de mãe e filha e agora, também, de parceiras de profissão. “Orgulho-me muito dela, principalmente em razão de ter ingressado no TJCE aos 22 anos, mesma idade em que eu assumi o cargo de oficiala de Justiça. Ser mãe é um presente de Deus e uma experiência que se tornou ainda mais especial quando tive a oportunidade de saber que minha filha, além de amiga, passou a ser também colega do Poder Judiciário”, confirma Eliane, que se realiza novamente diante da conquista da Letícia.
A servidora Luana Lima, auxiliar judiciária desde 2002 e atualmente diretora do Núcleo de Apoio à Gestão do 1º Grau, é mãe de Ana Clara, de 24 anos, e das gêmeas Liz e Helena, de 5 anos. Apesar de ter administrado bem a vinda das filhas em diferentes idades de sua vida, ela diz que não se considera uma “supermãe”.
“É um equilíbrio diário. As pessoas perguntam muito ‘como é que você dá conta de tudo?’. Mas não damos conta de tudo, a gente vai equilibrando os pratos e tentando fazer o melhor pelos filhos, por nós, pela família, pelo trabalho, por tudo isso ao mesmo tempo. A Ana Clara foi uma gravidez na adolescência. Eu tinha 17 anos, estava no 3º ano do Ensino Médio, tinha acabado de passar no vestibular e, depois que ela nasceu, foi um desafio. Quando eu entrei no Tribunal a Clarinha tinha três anos. E depois de 19 anos eu tive as gêmeas, em uma maternidade já amadurecida”, pontua.
Contar com uma rede de apoio é o que fornece a base sólida que ampara essa mãe. Além da família e pessoas que a auxiliam, a Creche-Escola do Poder Judiciário oferece uma estrutura fundamental para as famílias de servidoras e servidores. “Conto com minha cunhada, com minha irmã e com uma pessoa que trabalha com a gente. Quando as meninas não podem ir para a creche por conta de alguma eventualidade, temos com quem deixar. Mas no dia a dia, somos só eu e meu marido, pai delas, quem tocamos o barco. Eu costumo dizer que a creche é um dos maiores benefícios que temos no Tribunal de Justiça. Desde que entrei, há quase 21 anos, acompanhei colegas que tinham filhos lá, sempre dizendo que é maravilhosa, que a equipe é maravilhosa e ‘quando tiverem os filhos de vocês, têm que colocar na creche’. É um benefício ímpar, faz toda a diferença”, confessa Luana.
A opinião da servidora é que, hoje em dia, o maior desafio é preparar seres humanos para esse mundo tão difícil, mas ainda há esperança de que dias melhores virão e que o mundo será melhor para elas e por elas. O caminho que está sendo conduzido por essa mãe é de doação para a esfera profissional, sem deixar de educar e de estar presente intimamente na vida de cada uma das três filhas.
“Uma coisa é certa: assim como tenho lembranças de, quando pequena, ir para o trabalho da minha mãe, que era bancária, tenho certeza de que as meninas terão também. Elas saem da creche e voltam com a gente para o Fórum, para finalizarmos o expediente. Brinco que elas são nossas estagiárias. Se elas não seguirem nossos passos, não vai ser por falta de exemplo, já que têm pai e mãe no serviço público. Mas também sei que podem seguir qualquer outra carreira, a minha mais velha é arquiteta, gosta da Arquitetura e não foi para serviço público. Mas, pelo menos, as lembranças eu acredito que as menores vão guardar, de irem no trabalho do papai e da mamãe”, fala com afeto.
A Creche-Escola do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) conta com turmas do Infantil II ao 1º ano, ofertando um total de 140 vagas para filhos(as) e dependentes de magistrados(as) e servidores(as) efetivos(as) ou comissionados(as) do Judiciário cearense. O horário é integral, das 8h às 18h, e são oferecidos para as crianças lanche da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. Além das atividades pedagógicas, também há escolinhas de Inglês, Musicalização, Ballet, Judô e Futebol. Todos os anos, no início do segundo semestre, é publicado edital para os colaboradores que queiram concorrer às vagas do Infantil II e alguma vaga que tenha surgido para outro nível.
A série de reportagem “Muitos jeitos de ser mãe” segue ao longo do mês de maio, em homenagem ao Dia das Mães, comemorado no último domingo, dia 12. Por meio de relatos de magistradas e servidoras da Justiça, traz um olhar para a maternidade real, em sua pluralidade de vivências e desafios. A série destaca também os serviços oferecidos pelo TJCE que beneficiam as mães, sejam elas profissionais ou usuárias da Justiça.
A primeira matéria contou histórias de servidoras que, mesmo diante de obstáculos, encontraram caminhos para exercer a maternidade (Acesse aqui). Na segunda, mães de primeira viagem compartilham os sentimentos e desafios do puerpério (Clique aqui).
Nas próximas matérias, vamos abordar os desafios para equilibrar os cuidados maternos com os objetivos profissionais, as lutas das mães por uma sociedade mais inclusiva e livre de preconceitos, além da importância de cuidar, também, de quem cuida. Continue acompanhando nos canais de comunicação oficiais do TJCE.