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Cruz Vermelha está fechada

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15.01.2011 cidade
Mais de três toneladas de alimentos e água se estragaram com fechamento da sede da CVB/CE em Fortaleza
Em Fortaleza, a sede da Cruz Vermelha Brasileira – filial do Estado do Ceará (CVB/CE), está com as suas portas fechadas. Este é o resultado de uma ação judicial emitida a pedido do órgão nacional da Cruz Vermelha, em dezembro do ano passado, que entrou com uma ação de reintegração de posse do imóvel onde funcionava o a filial situada no bairro Joaquim Távora.
Esta ação acarretou não apenas a paralisação do trabalho da CVB/CE, como também o estrago de mais de três toneladas de água e alimentos arrecadados pela sede. A denuncia feita pelo advogado da CVB/CE, Henrique Trigueiro, é de que a antiga diretoria do órgão no Ceará, pode estar envolvida em desvio de verbas e produtos arrecadados.
Além disso, o advogado afirma que a Cruz Vermelha Nacional, por não poder fazer uma intervenção administrativa apelou para o pedido de reintegração do imóvel para paralisar o órgão. “Foi um ato discricionário, arbitrário, autoritário e ilegal do presidente da nacional”, acredita.
Intervenção
Segundo o que informou o advogado, de acordo com o artigo 24 do estatuto da Cruz Vermelha Brasileira, que determina as condições na quais podem acontecer este tipo de intervenção, a ação só pode acorrer depois de serem oferecidas ao órgão estadual, todas as condições de se defender como também de demonstrar que não existem protelações de ordem econômica, ou administrativa. “Estas são as duas únicas possibilidades e não havia nenhuma delas, estávamos funcionando de forma perfeita”, garante.
Para tentar resolver a situação, a CVB/CE recorreu ao Poder Judiciário com a finalidade de mostrar as irregularidades encontradas na gestão anterior e agora aguarda o deslanche natural do caso.
O Diário do Nordeste tentou entrar em contato com órgão nacional da Cruz Vermelha Brasileira, mas não conseguiu por meio de nenhum dos números disponibilizados.
Apesar da paralisação os voluntários da CVB/CE, se colocaram, à disposição da Defesa Civil de Fortaleza, para ajudar a campanha permanente “Mão solidária” que esta com uma edição especial para ajudar as vítimas da chuva no Rio.
Insatisfação
“Foi um ato discricionário, arbitrário, autoritário e ilegal do presidente da nacional”
Henrique Trigueiro
Advogado da Cruz Vermelha Brasileira, filial do Ceará
BRIGA
Problemas tiveram início após a eleição
Os problemas entre a atual e a antiga diretoria da filial da Cruz Vermelha no Ceará tiveram início em janeiro de 2010, após a eleição de um novo presidente. A nova gestão identificou irregularidades administrativas por parte da diretoria anterior. Isto se deu pela falta de documentos declarando o destino de valores e produtos arrecadados.
Para poder investigar o caso, Richard Strauss, atual presidente do órgão no Estado, por meio de um oficio, solicitou uma prestação de contas da diretoria que atuou até o final de 2009.
De acordo com o advogado da CVB/CE, Henrique Trigueiro, a gestão anterior ainda não prestou contas e optou, naquela época, por promover uma assembleia pedindo para ser reempossada. Segundo Patrícia Albano, ex-presidente da filial no Ceará, apenas conselheiros podem ser presidente ou vice-presidente do órgão.
“Houve uma eleição irregular e o Richard fez uma série de acusações a minha pessoa. Quando na verdade ele sumiu com a contabilidade e me acusou de ter ficado com o dinheiro”, explica a Patricia, “Só que registrei tudo no cartório, apresentei para o órgão central e quanto a todas as acusações feitas, provamos que não tinham fundamento”, completa. Patrícia acusa a atual diretoria ter sumido com toda contabilidade e notas fiscais da sua gestão.
Diante desta situação, a atual diretoria enviou um comunicado ao órgão nacional informando os acontecimentos. “No entanto, a direção nacional agiu de forma passiva. Não assumindo uma posição”, conta o advogado Henrique Trigueiro. Para tentar resolver a situação, a CVB/CE recorreu a Justiça e entrou com uma ação com pedido de liminar para que a antiga diretoria parasse de praticar atos que atrapalhassem a atual gestão.
Em outubro de 2010, o órgão nacional encaminhou oficio para saber os motivos que levaram a filial no Ceará a entrar na Justiça. “Respondemos e para nossa surpresa, em dezembro, sem que fosse oportunizada nenhuma chance de defesa, foi feita a intervenção”.
ADRIANA RODRIGUES
ESPECIAL DIÁRIO DO NORDESTE