Presos dois homens envolvidos no crime
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- 10-01-2011
8.01.2011 Fortaleza
Dois dos acusados do assassinato do padre Josenir Morais de Santana, de 48 anos, em outubro do ano passado, foram presos em São Luís do Curu
A morte do padre Josenir Morais Santana, de 48 anos, em outubro do ano passado, já foi desvendada pela Polícia, mas o mistério continua. Alegando segredo de Justiça, o titular da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Rodrigues Júnior, não divulgou sequer a motivação do crime, anunciando apenas que dois homens foram presos e outros dois continuam sendo procurados. Os quatro são acusados de homicídio duplamente qualificado. Ontem, durante entrevista coletiva, ele informou que os acusados têm entre 18 e 22 anos, e moram praticamente na mesma rua, no município de São Luís do Curu.
Foi nesta cidade que o padre foi encontrado morto, com um tiro nas costas, em um carro da Arquidiocese de Fortaleza, na madrugada do dia 25 de outubro. Segundo o delegado, durante as investigações, foi descartada a possibilidade de motivação política e também de latrocínio (roubo seguido de morte).
Ao ser questionado se o crime teria sido passional, ele não negou nem confirmou. ?O crime foi uma eventualidade e qualquer um pode ser assassinado nas condições em que o padre foi. Não foi uma coisa premeditada. Foi eventual?, disse. Num outro momento, ele afirmou que não foi necessário adentrar na vida particular do pároco para elucidar o crime.
Desde o início das investigações, a DHPP ouviu 12 pessoas que ajudaram a elucidar o crime. Com base nos testemunhos, foi pedida a prisão preventiva dos dois homens que já foram capturados. Conforme o delegado, um deles estava com uma arma e foi autuado em flagrante. Além de terem confessado participação no crime, segundo Rodrigues Júnior, os homens apontaram a participação de outros dois, que também já têm prisão preventiva decretada pela Justiça.
A partir dos depoimentos dos presos, a Polícia apurou que o autor do disparo contra o padre continua solto. ?Estamos trabalhando para prendê-los em breve?. Ao ser questionado sobre qual seria a participação dos homens já presos, o delegado se esquivou. ?Se eu for entrar nesse detalhe, vou estar fazendo incursões na motivação. E eu não posso, porque está em segredo de Justiça?, explicou.
Um dos presos tem longa ficha criminal, incluindo tráfico de drogas, lesão corporal, roubo, ameaças. Um dos que continuam sendo procurados já tem passagem pela Polícia acusado de homicídio. ?Eu não posso mais tecer comentários a respeito. Esse inquérito foi acobertado por segredo de Justiça, razão pela qual, durante a tramitação, nada pode ser divulgado e também muita coisa não vou poder divulgar agora?, avisou.
Mistério
Naquele fim de semana de outubro, padre Josenir estava em Croatá, aproveitando dias de folga na casa da família de Auristela Farias, 44, sua amiga. ?Na noite de domingo, ele só disse que ia tomar banho e ia pra São Gonçalo e saiu de uma vez no carro?, disse a amiga ao O POVO, no dia do velório e enterro de padre Josenir. Para ela, é possível que ele tenha ido a alguma festa na cidade vizinha. ?Ele adora festa. Éramos amigos de farra também?.
Quem
ENTENDA A NOTÍCIA
Muito respeitado pela comunidade católica, o padre se ordenou em 1995. Em 2002 iniciou trabalho na Paróquia de São Gonçalo do Amarante, onde ficou por oito anos. Em 2010 começou a celebrar em Messejana, em Fortaleza.
SAIBA MAIS
Elementos qualificadores do homicídio
O homicídio passa a ser qualificado quando é cometido:
I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II – por motivo fútil;
III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime.
Sobre o padre
O carro onde o padre foi encontrado morto pertence à Arquidiocese de Fortaleza. Em fevereiro deste ano, Josenir havia sido nomeado pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Messejana.Antes, tinha passado pela paróquia de São Gonçalo do Amarante.
A morte de padre Josenir causou muita comoção nas paróquias por onde passou. Ele foi enterrado em São Gonçalo, desejo que havia manifestado em outra ocasião. Segundo moradores da cidade, ele foi responsável por construir a capela, atrair os jovens e era muito dedicado à comunidade.
Lucinthya Gomes
lucinthya@opovo.com.br