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Pacto Histórico por Fortaleza

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23.11.2010 Opinião
O evento ?Pacto por Fortaleza ? A cidade que queremos até 2010? executado pela Câmara Municipal, proposto pelo vereador presidente Salmito Filho, se revestiu de grande mérito quando há uma necessidade premente de refletir à urbe periodicamente… O importante foi constituir o Legislativo como ponto de encontro e debate democrático com os vários segmentos da sociedade civil. De outro modo, é pertinente abrir neste espaço um questionamento sobre a própria identidade da ?Casa do Povo?, resgatando a sua memória da pioneira sede instalada em 1701, sita à margem do rio Ceará; bem a propósito no limiar da especial efeméride de 310 anos da existência… Portanto, ao propor um Pacto Histórico por Fortaleza é por assim dizer um passo seguinte a esta iniciativa, no que encontra justificativa no próprio valor do Legislativo.
No contexto dos ?5 Eixos temáticos? apresentados pelo ?Pacto por Fortaleza?, foi notado a falta de um ?Eixo? com a titularidade em favor do Memorial de Fortaleza.
Ciente do papel histórico, dentro das condições objetivas, participei do ?Eixo 2 ? Desenvolvimento Econômico e Social?, no ambiente favorável e com o mecanismo apropriado para inclusão da historicidade fortalezense, utilizando-se coerentemente da própria trajetória do Legislativo como espelho da construção histórica de Fortaleza, retratando ainda o processo de ocupação territorial e desenvolvimento econômico e social que perpassa pelo marco zero… presentes neste mosaico metropolitano.
É fato histórico que a 1a Câmara Municipal foi instalada na Barra do Ceará tendo o aporte o legado do marco zero (sec. XVII e XVIII); em seguida acompanha o processo de urbanização do bairro Centro (sec. XVIII e XIX), que neste período a Câmara muda-se constantemente de endereço e funciona até nas dependências do Theatro José de Alencar; dando continuidade ao processo de avanço espacial da cidade instala-se provisoriamente na zona nobre da Aldeota (sec. XX); e por fim, o Legislativo conquista a sua única e histórica Sede própria (sec. XXI) no curso da pós-moderna Água Fria, na área de convergência sul da cidade, que concentra atualmente o Poder Judiciário que realizou igual percurso da Câmara, ou seja, do primeiro Juiz da Câmara do rio Ceará até o Tribunal de Justiça.
Ocupei o Plenário para expor o conjunto, de elementos substancialmente fortes e simbólicos, que somados a provas cientificas contundentes que comprovam a existência de um sítio arqueológico (datado por C14), com 406 anos (25, de julho de 1604). Isto posto, pode fomentar um debate construtivo com o direito legitimo a revisão histórica de Fortaleza. Por razões científicas, omitir quase um século e meio de história configura-se em crime de lesa capital; e no caso da Câmara celebrar 310 anos, já em 2011, e vigorar uma Lei inconsequente que data a cidade apenas com 284 anos, se configura em um ato de incoerência e de lesa legislativa.
Acredito que o bom senso faz um caminho seguro para reconhecer com maturidade e compromisso político com a cidade de Fortaleza que prevalece à razão do marco zero. O Pacto Histórico por Fortaleza é sem dúvida a vitória da memória da cidade ? que é de todos!