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Família não é encontrada e bebê deve ir para adoção

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11.09.2010 Fortaleza
A menina abandonada num terreno da Granja Portugal está há dois meses no Abrigo Tia Júlia. Como a família biológica é desconhecida e não foi localizada, o abrigo vai propor a destituição do poder familiar ao Juizado da Infância e da Juventude
Lucinthya Gomes
Dois meses se passaram desde que chegou ao Abrigo Tia Júlia a menina abandonada em um terreno da Granja Lisboa, no dia 26 de junho. Mesmo com toda a divulgação feita sobre o caso, a família biológica não procurou a unidade para manifestar o desejo de ficar com a criança. Neste momento, o abrigo se prepara para propor ao Juizado da Infância e da Juventude a destituição do poder familiar da menina, para que ela seja disponibilizada para adoção. Segundo funcionários da unidade, ela está muito bem de saúde e continua ganhando peso.
A assistente social do abrigo Tia Júlia, Ana Paula Miranda, explica que, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o primeiro trabalho do abrigo consiste na tentativa de encontrar a família biológica e manter os vínculos familiares. ?A família biológica dela é desconhecida. Nesse período em que ela esteve aqui, nenhum familiar veio procurar, apesar da divulgação na mídia?, destaca. Por isso, neste momento o abrigo está elaborando parecer técnico favorável à destituição do poder familiar. Caberá ao juiz decidir.
Para Ana Paula, esse período de dois meses até que seja proposta a destituição do poder familiar é normal, faz parte do processo. ?É direito da criança viver em sua família biológica. E é preciso dar um tempo para o caso de a família procurar o abrigo e querer resgatar a criança?, disse. Segundo ela, há situações em que a mãe abandona, mas o pai ou os avós não sabem. Pode ser que eles desejem ficar com a criança. ?Então é preciso ter esse tempo?, argumenta.
Dados da adoção
O POVO tentou contato com a Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca) para saber se há alguma pista sobre quem teria abandonado o bebê, mas nenhuma das duas inspetoras estava na unidade para conceder informações sobre o andamento das investigações.
Segundo dados do Juizado da Infância e da Juventude, existem 218 pessoas habilitadas para adotar. Destas, 158 são residentes em Fortaleza, sendo 117 casais e 41 solteiros. Os outros 60 residem em outra comarca, sendo 55 casais e cinco solteiros. Na outra ponta, existem 25 crianças e 39 adolescentes disponíveis para adoção.
O interessado em adotar deve procurar o Juizado da Infância e da Juventude, no 3º andar do Fórum Clóvis Beviláqua, para se habilitar e ser incluído no Cadastro Nacional da Adoção. O interessado não pode se cadastrar querendo uma criança com determinadas características. É o Juizado quem disponibiliza a criança e cabe ao
interessado dizer se aceita ou não.
DADOS SOBRE ADOÇÃO
Pessoas habilitadas para adotar: 218
> 158 residentes em Fortaleza, sendo 117 casais e 41 solteiros.
> 60 residentes em outra Comarca, sendo 55 casais e 5 solteiros.
Crianças e Adolescentes estão disponíveis para adoção: 64
> 25 crianças (até 12 anos), sendo 11 saudáveis e 14 com algum deficiência ou doença grave.
> 39 adolescentes disponíveis para adoção, sendo 17 saudáveis e 22 com alguma deficiência ou doença grave.
> 11 crianças e adolescentes em processo de adoção.
> 13 crianças e adolescentes adotados em 2010.
Fonte: Juizado da Infância e da Juventude
E-MAIS
DIA 26/6
> Foi a vizinha da diarista quem primeiro percebeu o choro.
> Ela acordou, na madrugada de sábado, e foi chamar a amiga que mora ao lado. A diarista decidiu ir até o terreno.
> Depois que encontrou o bebê, ligou para o Ronda do Quarteirão. Foram os policiais que levaram a criança até o Hospital Nossa Senhora da Conceição.
> Lá, a criança ficou internada por cerca de duas semanas.
> O abandono da criança está sendo investigado pela Polícia.
DIA 30/6
>Mesmo informada de que a chance é pequena, por causa da Nova Lei da Adoção, a diarista prossegue na tentativa de adotar a criança que encontrou num terreno e inicia o processo de inclusão no Cadastro Nacional de Adoção.
DIA 9/7
>A menina deu entrada no Abrigo Tia Júlia. Desde então, tem se alimentado bem e está bem de saúde. Só chora quando está com fome ou precisa trocar de fralda.