Ações da campanha “Setembro Amarelo” prosseguem no Tribunal e Fórum Clóvis Beviláqua
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- 10-09-2019
O Judiciário cearense promoveu, nesta terça-feira (10/09), mais um dia de atividades relacionadas à campanha “Setembro Amarelo”, mês de conscientização sobre a prevenção ao suicídio.
Na sede do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), a nutricionista Michele Nancy ministrou a palestra “Venha saber o que comer para produzir os hormônios do bem-estar”. Ela ressaltou a importância de uma alimentação equilibrada para ter uma vida mais feliz e falou especificamente dos alimentos que estimulam a produção dos hormônios neurotransmissores, conhecidos como os hormônios do bem-estar: serotonina, dopamina, ocitocina e endorfina. A profissional explicou que a falta dessas substâncias no organismo pode gerar sensação de desânimo e tristeza, podendo até levar a quadros de depressão.
A servidora Joseane Pereira Rodrigues, da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) do Tribunal, foi uma das participantes. Para ela, a palestra ajudou a entender melhor a conexão entre a saúde do corpo e da mente. “É muito bom que o Tribunal esteja atento a isso e traga informação também nessa área para os seus colaboradores. Muitas vezes a pessoa está passando por esses transtornos e não aparenta, mesmo quem está próximo não percebe. Então é de grande importância para conscientizar e também para aquela pessoa se sentir abraçada de alguma forma, saber que a sociedade está se mobilizando por aquele problema”, afirmou.
O servidor Rafael Garcia Barbosa, da Secretaria de Tecnologia da Informação (Setin) do Tribunal, também elogiou a iniciativa. “Muita gente conhece, tem algum amigo ou alguém na família que já passou por um problema desse tipo e acho que realmente a campanha como um todo é muito importante para abrir esse tema, que ainda é um tabu para algumas pessoas”, disse.
FCB
Também nesta terça-feira (10/09), o Fórum Clóvis Beviláqua (FCB) promoveu a palestra “Suicídio: da prevenção à posvenção”, conduzida pelo promotor de Justiça Hugo Mendonça. Participaram magistrados e servidores, muitos deles vestindo amarelo, em atenção ao Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Hugo Mendonça é um dos coordenadores do projeto Vidas Preservadas, conjunto de ações promovidas pelo Ministério Público em parceria com a sociedade.
Com base em estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS), o promotor alertou para os índices crescentes de suicídio, que é considerado um problema de saúde pública e uma epidemia no mundo. O ato de tirar a própria vida acontece em todas as faixas etárias, inclusive com crianças. Pode estar associado a diversos tipos de doenças, a maioria transtornos psiquiátricos como depressão, bipolaridade e abuso de álcool. Apenas no Estado do Ceará, houve aumento de 31,8% de 2010 a 2018. “Somente com políticas públicas, sobretudo de capacitação, podemos inverter essa tendência”, ressaltou.
Segundo o palestrante, cerca de 90% dos casos poderiam ter sido evitados se fossem reconhecidos alguns sinais. “É um fenômeno multicausal, por isso é um erro procurar uma razão. O que existe é uma série de fatores que podem gerar o deslinde trágico. A maioria dos suicídios não é um ato impulsivo, mas um processo de adoecimento que pode levar anos. Campanhas como essa do Judiciário são fundamentais para a prevenção”, afirmou.
O promotor também explicou o conceito de posvenção, que inclui o conjunto de medidas para amparar sobreviventes (sejam aqueles que passaram por uma tentativa de suicídio ou quem está vivenciando o luto). O objetivo é acolher e minimizar os efeitos traumáticos dessas situações, que envolvem sentimentos como culpa, vergonha, buscas por motivos ou atribuição de responsabilidades.
Presente à palestra, a diretora do Fórum, juíza Ana Cristina Esmeraldo, disse que está em elaboração um programa visando a saúde física e mental dos servidores, envolvendo profissionais de vários setores. “Hoje as informações chegam bem mais rápido e os casos estão cada vez mais recorrentes, mais próximos e visíveis. Palestras como essas são uma forma de se conectar com as informações corretas, evitar ações que agravem o problema e saber como buscar ajuda profissional”, declarou a magistrada.
Escutas psicológicas
Na manhã desta terça-feira, o público que frequentou o Fórum Clóvis Beviláqua teve a oportunidade de conversar com psicólogas sobre os problemas envolvendo a depressão. O serviço ocorreu no hall da entrada secundária.
O diretor do Núcleo de Psicologia e Serviço Social do Fórum, Marco Flávio de Carvalho, disse que o objetivo foi disponibilizar um acolhimento para qualquer pessoa que quisesse relatar algum problema, sofrimento, desabafo ou mesmo apenas buscar informações sobre depressão ou suicídio.
O atendimento foi realizado por psicólogas do Fórum que conversavam em reservado com quem manifestasse interesse. O diretor disse que o método é muito adotado por diversas instituições que atuam na área de apoio a pessoas com depressão. “Queremos dar oportunidade para que possam acessar esse tema. Nossa intenção é abrir uma porta a quem estiver interessado”, destacou.
A mobilização pelo Setembro Amarelo prossegue até o próximo dia 30 no TJCE e Fórum Clóvis Beviláqua.