Ação do MP gerou a prisão do médico
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- 31-08-2009
Polícia Pág. 13 31.08.2009
A denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo contra o médico Roger Abdelmassih ganhou as manchetes dos noticiários da TV e dos jornais brasileiros e teve repercussão até no Exterior. Na prática, foi o primeiro caso em que promotores se valeram da nova lei que trata dos crimes sexuais. De uma só vez, isto é, em um só processo judicial, um único réu foi denunciado como autor de 56 estupros, fato inédito na história da Justiça brasileira.
Considerado um dos mais renomados especialistas em tratamento de reprodução humana assistida, Abdelmassih continua preso, cumprindo prisão preventiva. Seus advogados já tentaram, por duas vezes, a revogação da medida. A primeira, junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo. A segunda, no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em ambas tentativas a Justiça não acatou o pedido.
Através das investigações iniciadas pela Polícia Judiciária (Civil), o Ministério Público ampliou a apuração do fato, que resultou em depoimentos dramáticos de ex-pacientes do especialistas. Estas contaram como foram abusadas na clínica onde procuravam um tratamento para que pudessem realizar o sonho de engravidar e ter filho.
Com a ação do MP, várias vítimas que permaneceram muitos anos no silêncio, decidiram “mostrar a cara”, relatando para a Justiça e até para a Imprensa a forma como foram abusadas sexualmente e as conseqüências que sofrem até hoje depois. Muitas estão submetidas a tratamentos psiquiátrico enquanto aguardam da Justiça brasileira a punição para o médico abusador. A defesa de Abdelmassih alega que sua prisão é totalmente desnecessária e a considerou o caso mais uma “espetacularização” do Ministério Público.
Traumas
Vítimas de estupro e outros crimes de ordem sexual geralmente não buscam providências legais. Por medo ou vergonha, preferem silenciar, o que deixa os abusadores em plena impunidade. Normalmente, este silêncio só é quebrado quando terceiros tomam conhecimento do fato, se sensibilizam com a dor das vítimas, e acabam denunciando o fato à Polícia.
Na Delegacia de Combate aos Crimes de Exploração da Criança e do Adolescente, Fortaleza (Dececa), histórias de abusos sexuais contra crianças e jovens tem se tornando uma triste rotina. Com o endurecimento da lei, as autoridades esperam punição mais severas para os autores de crimes sexuais.