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Presidente do TJCE abre a Semana da Adoção durante sessão com depoimentos de pais adotivos

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Depoimentos emocionados de pais adotivos marcaram a solenidade de abertura da Semana da Adoção, realizada na manhã desta sexta-feira (19/05), pelo presidente do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), desembargador Gladyson Pontes. A sessão foi marcada também pela entrega dos certificados do programa de apadrinhamento do Judiciário e apresentação do Coral do TJCE.
Na ocasião, o presidente do Tribunal afirmou que a emoção sentida pelos presentes é um bom sinal de que há sensibilidade com a causa nobre da criança e do adolescente. “Temos que enaltecer também o trabalho dos voluntários, parceiros do projeto de apadrinhamento. Essas pessoas fazem isso por amor.”
Sobre as dificuldades relativas ao processo de adoção, o magistrado destacou que a Justiça tem algumas questões emblemáticas, desafios, mas o Tribunal se esforça para melhorar. Entre as saídas está a busca de parcerias com prefeituras e faculdades para agregar voluntariado, estudantes e profissionais às equipes multidisciplinares, formadas por psicólogos e assistentes sociais, necessárias à realização de laudos, como de destituição do poder familiar, procedimento que permite o encaminhamento da criança à adoção.
“O momento é importante para conscientizar a sociedade. Sabemos que há uma cobrança, mas o juiz não pode passar por cima da formalidade da lei, decidir sobre uma adoção e depois ser acusado de irresponsabilidade”, ressaltou o desembargador.
Para a presidente da Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (Cejai) do TJCE, desembargadora Maria Vilauba Fausto Lopes, o assunto, que até pouco tempo atrás era desconhecido, começa a ganhar mais importância e despertar o interesse da sociedade. “Essa campanha é uma chamada para o amor. O ser humano tem suas circunstâncias. Nem sempre quem abandona uma criança, faz isso por falta de sentimento. Do outro lado, vem alguém cheio de amor para receber.”
A magistrada também destacou que é preciso fazer algo por essas pessoas que estavam esquecidas nas unidades de acolhimento. “Estamos também fazendo trabalho de divulgação sobre a movimentação do Cadastro Nacional da Adoção [CNA] por todos os juízes do Interior. A adoção deve se dar com toda a delicadeza e cuidado necessários.”
AÇÃO CONJUNTA
O promotor de Justiça Hugo Mendonça, coordenador da área da Infância e da Juventude do Ministério Público do Ceará, reforça o trabalho para uso do CNA no Interior, com audiências públicas e reuniões em vários municípios. “O Cadastro permite que tudo seja feito com segurança, pensando no bem maior e mais precioso dos nossos esforços, que é a criança. O sistema diminui, ao máximo, possível violação de direitos. Com ele, a gente sabe exatamente quem vai e se está apta a adotar”.
A juíza Alda Maria Holanda Leite, titular da 3ª Vara da Infância e da Juventude de Fortaleza, disse que a especialização da unidade, em julho de 2014, foi o passo inicial para a maior celeridade. Com a mudança, a Vara ficou responsável pelos procedimentos cíveis, como adoção.
A assessora especial da Secretaria Municipal do Trabalho, Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Setra) de Fortaleza, Jamile Guimarães, também enalteceu a campanha do Judiciário para dar maior visibilidade ao assunto. “Nós, não somente como autoridades, mas antes como cidadãos, temos que começar a mudar essa realidade.”
Também presentes estiveram o defensor público Adriano Leitinho, da área da infância e da juventude, o secretário adjunto do Trabalho e Desenvolvimento Social do Ceará, José Herman Normando Almeida, além de outros convidados.
DEPOIMENTOS
A solenidade teve depoimentos de pessoas que adotaram e de padrinho afetivo de criança acolhida. A servidora pública Ana Maria Maia e o engenheiro agrônomo Antônio Marcos Aires emocionaram os presentes ao contar sobre os filhos adotivos de dez e oito anos. Ela conta que tentou a fertilidade, mas achou, em acordo com o marido, que a adoção é o melhor caminho. “Há várias crianças sem pai ou mãe à espera de alguma família.”
O engenheiro explicou que o medo maior era saber se o menino, que foi adotado primeiro, ia aceitar o casal. “Tudo parecia mesmo uma gestação, o tempo e a espera para recebê-lo. Depois veio a menina.”
Não menos emocionante foram as palavras da professora Nathalia Martins, que adotou a pequena Valentina, hoje com três anos de idade. “Eu não posso ser mãe biológica. Então, não queria um perfil de criança. Eu queria uma criança. A Valentina tem paralisia cerebral, não andava, nem falava. Fiquei angustiada se teria condições de criar a menina. Conversei com meu esposo sobre o caso. Ao vê-la, tive a sensação de um parto com o médico me entregando a bebê. Foi magnífico. Nos apaixonamos e ai começou outro processo, de como ajudar a Valentina. Às vezes, a gente tem medo do novo, mas o novo sempre nos surpreende. Ela realizou nosso sonho de sermos pais.”
O marido dela, o corretor de imóveis Hélio Silva, disse que a experiência é única. “É muito diferente. Só sabe quem sente essa emoção. É um aprendizado contínuo.”
Outro depoimento foi do analista de planejamento Wescley Queiroz, padrinho afetivo do Jonas, de nove anos de idade, acolhido institucionalmente. O analista é o primeiro do programa de apadrinhamento do TJCE. “Sempre tive vontade de fazer uma ação social. Conhecer o menino me despertou sentimento não de pena, mas de amor. Eu promovo passeio na praia, levo ao cinema, ao zoológico e a outros eventos.”

CERTIFICADOS
Além de Wescley Queiroz, também receberam certificados da Cejai: Francisco Salvador do Nascimento, Rosângela de Oliveira Sampaio e Thiago da Silva Holanda (padrinhos afetivos); Carlos Alberto de Araújo (padrinho financeiro); Isabella de Araújo Costa e Jamille Ipiranga (madrinhas de prestação de serviço).
SEMANA DA ADOÇÃO
19 e 20/05 (sexta-feira e sábado) – Mobilização no Shopping Iguatemi, das 10h às 22h
21/05 (domingo) – Ação no Shopping Iguatemi, das 14h às 20h
25/05 (quinta-feira) – Sensibilização no Fórum Clóvis Beviláqua, das 9h às 17h
26/05 (sexta-feira) – II Seminário da Infância e da Juventude, das 8h30 às 17h, no TJCE