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Criança abandonada em terreno será levada para abrigo

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09.07.2010 Fortaleza
Apartir de hoje, a criança abandonada na Granja Lisboa será acolhida em um abrigo na Capital. Ela será levada para a instituição por conselheiros tutelares. A menina recebeu alta, na quarta-feira, do Hospital Nossa Senhora da Conceição, no Conjunto Ceará, onde ficou internada desde que foi achada, no dia 26 de junho.
Segundo uma enfermeira que tem cuidado da criança, ela ganhou peso nesses dias em que foi tratada no hospital. A diarista, uma das pessoas que encontraram a menina, segue em busca da guarda do bebê. Enviou documentação à Justiça, tem ido todo dia para visita, se apegou. ?Minha esperança ainda não morreu. Sei que são 200 pessoas no cadastro (para adoção), mas quem me escolheu para adotar essa criança foi Deus?, ela se reanima.
O POVO esteve no terreno onde a criança foi achada. É uma área que serve de quintal para um quarteirão de residências. O acesso só é feito pelas casas que rodeiam o local ou por uma cerca lateral, de arame farpado e estacas. Coqueiros e pés de cana-de-açúcar estão plantados no local. Muitos foram arrancados, depois da descoberta do bebê, para facilitar o acesso de curiosos e da imprensa.
A gaveta de madeira, suja e aos pedaços, onde a menina foi encontrada deitada, ainda está no mesmo canto. No lugar agora, uma boneca de plástico, incompleta e mal cuidada. Parece que alguém quis refazer a cena.
E o achado da criança mudou a rotina dos moradores do local. Gente que passa e quer saber mais. Quando se pergunta sobre o local, em vez de dar informação, o moço do mercantil quer notícia. ?O bebê está bem?? – a mesma pergunta da pequena que brinca no terreno.
Adoção
A casa de Eliana Lima tem os fundos virados para o terreno. Foi ela quem primeiro ouviu o choro da menina. Eram 4h30min do dia 26. Foi chamar a filha, que ainda insistiu que era miado de gato novo. Pegou banco, fez subida no muro e constatou. Não era um gatinho.
Eliana ficou sem coragem de ir ver o bebê sozinha. Com a filha, chamou a vizinha – a diarista que quer se tornar mãe de novo.
?Quando ela viu, caiu no chão, de joelho, e começou a chorar?, relembra. A menina só chorava. Estava roxa, roxa, com frio. ?Ela é branquinha, tem o cabelo bem pouquinho, estava cheia de arranhões?, conta a dona de casa.
A torcida dos vizinhos agora é para que a diarista fique com a criança. Mas sabem que é difícil, que a fila é grande. ?Ela está se apegando demais. Bateu até umas fotos da criança no celular e me mostrou. Os arranhões já sararam, ela está mais gordinha?, alegra-se Eliana. A diarista emenda: ?Ela está mais animada. É uma bênção. Está sendo tratada como uma princesa?.
SAIBA MAIS SOBRE O CASO
Quando foi encontrada, a menina estava sem roupas, cheia de formigas e deitada de bruços. Ainda estava com o cordão umbilical.
A criança media 51 centímetros e pesava 2,7 quilos.
Segundo a dona de casa Eliana Lima, que ouviu o choro da criança no terreno, a menina ainda ?estava suja do parto?. E opina: ?Acho que tiveram o bebê foi aí mesmo, no terreno?.
A diarista que quer ficar com o bebê pede para não ser identificada. Ela tem 35 anos, uma filha de 18 anos, uma de 14 e uma neta de um ano de idade.
Ela entrou com o pedido de guarda provisória da menina na Justiça.
Foi registrado boletim de ocorrência (BO) no 12° Distrito Policial, de plantão no dia.
FONTE: Banco de Dados do O POVO