Opinião
Mais uma vez os parlamentares traíram a confiança do povo brasileiro. Aumentaram seus próprios vencimentos e, por extensão, do Poder Executivo e Judiciário. Uma verdadeira farra…
Foi aprovado um decreto legislativo, documento que não requer a sanção do presidente da República. Passou direto, em menos de dez minutos. Os deputados federais, os senadores, o presidente da República, o vice-presidente e todos os ministros de Estado passarão a receber mensalmente R$ 26,7 mil, teto salarial do Poder Judiciário. No caso do presidente e do vice, o reajuste será de 133,9%.
Posso acreditar que o Brasil precisa economizar? Só sendo muito otário. A previsão dessa cascata é que os cofres públicos serão sangrados em quase R$ 2 bilhões, só para garantir o generoso aumento.
Por que não tem dinheiro para a saúde e se precisa recriar a CPMF? Isso sem falarmos das remunerações indiretas. Por exemplo, cada deputado federal ? são 513 – tem à disposição, mensalmente: R$ 67 mil de ?verba de gabinete?, para a contratação de assessores (no máximo 25), em Brasília ou em seus Estados de origem. Recebem o ?cotão?, ajuda para compra de passagens aéreas, correio e telefone. O valor do ?cotão? varia, entre R$ 23 mil e R$ 34,3 mil, dependendo da distância da residência do parlamentar. E há, ainda, R$ 3 mil de auxílio-moradia.
Sugiro, com toda urgência, que a sociedade civil organizada volte a colher assinaturas para um novo projeto tipo ?ficha suja?. Seguinte: fica estabelecido, na Constituição Federal, que o salário dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário só poderá aumentar, quando ocorrer o mesmo com o salário mínimo ? na mesma data e na mesma proporção. Não estamos numa República?
Esperar que os próprios legisladores tomem essa iniciativa, sem uma justa pressão social, é ser demasiadamente ingênuo. Aproveito e peço para ser o número ?
1? a assinar essa lista.
Antonio Mourão Cavalcante – Médico, antropólogo e professor universitárioa_mourao@hotmail.com